As fontes mais conhecidas de energia renovável são a força dos ventos, luz solar, água e biomassa.
Entretanto, implantar um sistema a partir destas fontes requer mais do que um simples projeto.
“Um PPA (Power Purchase Agreement) é um acordo de compra e venda de energia limpa de longo prazo de um ativo específico e a um preço prefixado entre um desenvolvedor de energia renovável e um consumidor — em geral, empresas que necessitam de grandes quantidades de eletricidade — ou entre um desenvolvedor e um comercializador que revenderá a energia. Assinar um PPA consiste na venda de um projeto e de seus atributos ambientais (Garantias de Origem): é um compromisso que permite ao desenvolvedor renovável tomar uma decisão de investimento sob critérios de rentabilidade vs risco e/ou conseguir o financiamento necessário para executar o projeto.”
Assim como um projeto de marketing, um PPA é composto por critérios de valorização em sua maioria subjetivos, mas de grande impacto a médio prazo na indústria.
A partir dessa premissa é muito mais fácil entender porque a liderança energética pode mudar de fonte primária, haja vista os esforços nacionais e internacionais para criar usinas de hidrogênio verde.
O megaprojeto da maior usina de hidrogênio verde do mundo está localizado no noroeste da Arábia Saudita, porto de NEOM em Oxagon.
Caso não lhe seja familiar, a usina está na cidade idealizada pela empresa conduzida por Nadhmi al-Nasr, engenheiro experiente que construiu uma brilhante carreira na Saudi Aramco, a maior petrolífera do mundo.
A empresa parceira da NEOM na engenharia, aquisição e construção do projeto é a Air Products, liderada por Seifi Ghasemi, especialista em fontes avançadas para energia e composição de baterias.
Shell, Raízen, Hytron, Toyota, USP e Senai assinaram um acordo de cooperação para a construção de equipamentos com foco na produção de hidrogênio (H2).
A vantagem é que a tecnologia pode ser instalada facilmente em postos de combustíveis convencionais, uma vez que a produção é feita a partir do etanol, o que não exigiria mudanças na infraestrutura de distribuição.
Ao fazer um novo paralelo entre marketing e ecossistemas de energia, implantar uma infraestrutura requer análise da cadeia logística envolvida na viabilidade de uso.
O abastecimento de carros elétricos, por exemplo, depende de infraestrutura ainda deficiente no Brasil.O custo de uma bateria pode ser o equivalente ao preço de aquisição de um veículo.
Além disso, a baixa autonomia e a quantidade de pontos de abastecimento necessários para viabilizar o aumento de carros em circulação com essa tecnologia estão longe de serem viáveis.
Ampliando essa análise para a energia necessária ao funcionamento de uma indústria, muitas fontes de energia renovável demandam investimentos financeiros que não serão absorvidos pelo faturamento da empresa a médio prazo, o que impacta negativamente nas decisões dos gestores.
O Hub de Hidrogênio Verde (H2V) do Pecém no Ceará está em um dos portos de maior potencial para energias renováveis, especialmente por conta da combinação entre energia eólica, solar e produção de hidrogênio verde.
Contudo, a economia brasileira não se baseia apenas em novas oportunidades, mas também na continuidade das transações comerciais de produtos exportados.
Nesse sentido, o Carbom Border Adjustment Mechanism (CBAM) é um imposto criado pela União Europeia para quantificar e precificar as emissões dos produtos importados pelos países membros.
Isso significa que exportadores com emissões elevadas ou sem condições de rastrear e declarar essas emissões podem perder os seus parceiros de negócios, o que impacta diretamente os empregos mantidos por esses segmentos industriais no Brasil.
A CTG Brasil, subsidiária da China Three Gorges Corporation, destaca-se globalmente como uma líder na geração de energia limpa. A empresa, com apenas uma década de existência, registrou um aumento significativo de 30,5% no lucro líquido em 2022.
A principal diferença na política ESG adotada pelas duas empresas está na matriz energética renovável: a CTG Brasil possui 70%, em comparação com os 60% da EDP. Embora outros fatores possam contribuir para a valorização de mercado de ambas as empresas, a CTG Brasil, mesmo sendo mais jovem e com capacidade de geração instalada menor, ostenta um valor de mercado superior.
Esses dados são reforçados a partir da análise das 10 maiores empresas em faturamento do Brasil: todas elas apostam em programas de energia renovável, sendo que os investimentos estão intimamente ligados ao fator ESG.
O levantamento indicou ainda que 78% destes investidores acreditam que as empresas devem fazer investimentos que abordem questões ESG relevantes, mesmo que isso reduza lucros em curto prazo.
Além disso, um dos fatores que compõem o ESG é a tecnologia. Ela também é uma das palavras-chave fundamentais para ampliar o faturamento das indústrias.
Falta pouco para o termo “ecossistema” completar 100 anos e mesmo com tanto tempo de existência, as indústrias negligenciam tudo que está atrelado a ele: energia limpa, fator ESG, marketing e outros.